E se em cada uma dessas regiões existisse uma grande Máquina, responsável por organizar, através de instruções, os assuntos de cada Região?
E se essas Máquinas, com suas base gigantesca de dados e processamento, fossem as maiores responsáveis pela constante manutenção do equilíbrio da humanidade?
Mas, principalmente e pior de tudo: e se as instruções dessas máquinas começassem a parecer um pouco confusas e quase ameaçadoras a nós, humanos?
É esse o plot de "O Conflito Evitável", conto de 1950 e que retrata claramente alguns aspectos e medos da época, com o avanço das tecnologias e o clima tenso da Guerra Fria.
Inclusive, nesse futuro no qual a história se passa, fica subentendido que já ocorreram coisas bastante graves e possivelmente relacionadas a isso, como uma "Era Atômica" e "Era Pré-atômica".
De qualquer forma, o conto é, como me parece ser muitos de Asimov, muito mais um exercício de lógica e investigação do que realmente uma narrativa com grandiosos acontecimentos:
Novamente, somos impelidos a refletir sobre as Três Leis da Robótica e a possibilidade de uma inteligência artificial revoltar-se mesmo com tais premissas na sua "essência tecnológica", ou melhor, na sua programação.
Para isso, o autor desenvolve praticamente toda a trama através da discussão entre o Coordenador Stephen Byerley e uma pesquisadora aposentada de robopsicologia, Susan Calvin.
Além disso, é claro, a narrativa se enriquece com espécies de flashbacks das reuniões de Byerley com os principais líderes das Quatro Regiões da Terra, fazendo o leitor entender melhor esse mundo futurístico e toda sua relação de dependência com a tecnologia e, óbvio, com as Máquinas.
Então, como pode isso estar acontecendo?
Como pode tais máquinas, supostamente engajadas fortemente com a Primeira Lei, a proteção da humanidade, estarem indo de encontro ao desenvolvimento e equilíbrio do mundo?
Principalmente de um mundo com a História repleta de "conflitos inevitáveis"?
Isso significa que, justamente agora que a tecnologia trouxe o equilíbrio e a tranquilidade, nós estamos diante de um novo conflito?
Depois de tanto tempo com as Máquinas nos protegendo e nos garantido que todo e qualquer conflito se tornasse em "evitável"?
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É uma escrita simples, mas que exige da atenção do leitor em
diversos momentos, mesmo apelando pouquíssimo a floreios narrativos. É necessário concentração para poder absorver o máximo possível do grande problema que existe nas mãos aflitas de Byerley.
Realmente, uma ótima história que, além de nos apresentar a conceitos interessantes e criativos de ficção científica, também nos faz pensar em aspectos da nossa realidade como humanos interconectados por diversos fatores: política, sociedade, tecnologia e economia.
Falando em "interconectados": fiquei extremamente curioso com as possibilidades que existiriam para esse conto, se na época de sua publicação já existisse alguma noção atual de Internet e conectividade entre as próprias pessoas e Regiões.
Acho que isso traria toda uma complexidade a mais para a história!
Que pena que o Asimov não viveu o suficiente pra isso, apenas para fazer previsões muito próximas de algo do tipo.
NOTA: 9 / 10
LIVRO:
"Histórias de Robôs - Volume 2". L&PM POCKET. Traduzido por: Milton Persson.
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