sábado, 21 de junho de 2014

"O Conflito Evitável" (Isaac Asimov)

http://www.livrariaunesp.com.br/livrariaunesp/Assets/Produtos/Gigantes/9788525413864.jpgE se o mundo tivesse sido dividido em 4 grandes Regiões?


E se em cada uma dessas regiões existisse uma grande Máquina, responsável por organizar, através de instruções, os assuntos de cada Região?


E se essas Máquinas, com suas base gigantesca de dados e processamento, fossem as maiores responsáveis pela constante manutenção do equilíbrio da humanidade?


Mas, principalmente e pior de tudo: e se as instruções dessas máquinas começassem a parecer um pouco confusas e quase ameaçadoras a nós, humanos?


É esse o plot de "O Conflito Evitável", conto de 1950 e que retrata claramente alguns aspectos e medos da época, com o avanço das tecnologias e o clima tenso da Guerra Fria. 


Inclusive, nesse futuro no qual a história se passa, fica subentendido que já ocorreram coisas bastante graves e possivelmente relacionadas a isso, como uma "Era Atômica" e "Era Pré-atômica". 


De qualquer forma, o conto é, como me parece ser muitos de Asimov, muito mais um exercício de lógica e investigação do que realmente uma narrativa com grandiosos acontecimentos:


Novamente, somos impelidos a refletir sobre as Três Leis da Robótica e a possibilidade de uma inteligência artificial revoltar-se mesmo com tais premissas na sua "essência tecnológica", ou melhor, na sua programação.


Para isso, o autor desenvolve praticamente toda a trama através da discussão entre o Coordenador Stephen Byerley e uma pesquisadora aposentada de robopsicologia, Susan Calvin.


Além disso, é claro, a narrativa se enriquece com espécies de flashbacks das reuniões de Byerley com os principais líderes das Quatro Regiões da Terra, fazendo o leitor entender melhor esse mundo futurístico e toda sua relação de dependência com a tecnologia e, óbvio, com as Máquinas.


Então, como pode isso estar acontecendo?


Como pode tais máquinas, supostamente engajadas fortemente com a Primeira Lei, a proteção da humanidade, estarem indo de encontro ao desenvolvimento e equilíbrio do mundo?


Principalmente de um mundo com a História repleta de "conflitos inevitáveis"? 


Isso significa que, justamente agora que a tecnologia trouxe o equilíbrio e a tranquilidade, nós estamos diante de um novo conflito? 


Depois de tanto tempo com as Máquinas nos protegendo e nos garantido que todo e qualquer conflito se tornasse em "evitável"?


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http://ucberkeleyenglish.com/files/2013/07/Asimov.jpg

É uma escrita simples, mas que exige da atenção do leitor em diversos momentos, mesmo apelando pouquíssimo a floreios narrativos. É necessário concentração para poder absorver o máximo possível do grande problema que existe nas mãos aflitas de Byerley. 


Realmente, uma ótima história que, além de nos apresentar a conceitos interessantes e criativos de ficção científica, também nos faz pensar em aspectos da nossa realidade como humanos interconectados por diversos fatores: política, sociedade, tecnologia e economia.


Falando em "interconectados": fiquei extremamente curioso com as possibilidades que existiriam para esse conto, se na época de sua publicação já existisse alguma noção atual de Internet e conectividade entre as próprias pessoas e Regiões. 

Acho que isso traria toda uma complexidade a mais para a história! 




Que pena que o Asimov não viveu o suficiente pra isso, apenas para fazer previsões muito próximas de algo do tipo.





NOTA: 9 / 10






LIVRO: 
"Histórias de Robôs - Volume 2". L&PM POCKET. Traduzido por: Milton Persson.  

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