sábado, 14 de junho de 2014

DEVANEIO: Quando Agonizei com Faulkner

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Não deu.

William Faulkner escreveu dois romances clássicos ("Som e Fúria" e "Luz em Agosto") e foi vencedor de um Prêmio Nobel e dois Pulitzer. 


Foi isso que eu tinha em mente quando decidi me aventurar em "Enquanto Agonizo", utilizando meus singelos R$ 13,90 para conhecer a escrita de Faulkner. Vale comentar que esse era o único título do autor na livraria e, naquele momento cheio de impulso bibliomaníaco e consumista, a compra foi inevitável. 


Mas, ao menos, eu me propus a lê-lo logo em seguida - muito provavelmente por um certo sentimento de culpa, característico de quando se compra um livro sem saber absolutamente nada sobre a história impressas nas páginas.


Bom, eu comecei, de fato, pouco tempo depois de comprá-lo e... 


Medeux...


Eu posso contar nos dedos de uma só mão a quantidade de livros que eu realmente abandonei, contrariando princípios obscuros e não muito racionais da minha índole literária.   


Só que essa foi uma leitura que simplesmente não me desceu.



Está cheia de ideias potencialmente interessantes, é verdade:

- a história de uma família rural extremamente humilde lidando com a morte de sua matriarca (e com as exigências pós-morte da mesma).


- a utilização de diversos narradores diferentes, dividindo suas perspectivas em capítulos curtos e dispostos alternadamente.


- uma linguagem bem "campestre" e tosca, que caracterizou bem seus personagens, de diversas idades e níveis intelectuais.


- várias repetições de frases e diálogos (sobre o tempo, o campo, a moribunda), para explicitar a monotonia do lugar e das pessoas.


- alguns elementos da história, constantemente evocados, que dão um clima convincente àquilo tudo (o serrote cortando a madeira para o caixão, o peixe pescado pelo caçula, os bolos, etc)


- e uma filosofia meio-existencialista-meio-não-sei-mais-o-quê sendo pregada e alvo de devaneios por alguns dos personagens.


http://www.mcsr.olemiss.edu/~egjbp/faulkner/images/faulkner-bricks.jpg
Faulkie (1897-1962)
E mesmo assim, não tava dando certo.


Olhando agora, até parece que todos esses itens citados fariam uma história bonita, diferente, válida de se gastar um tempo de entretenimento. Bom, o que eu sei é que na prática parecia que a síntese disso tudo só gerava uma história extremamente arrastada, confusa, com uma melancolia fácil de compreender mas difícil de se engajar e... é, monótona.


Não acho que seja um livro horrível, porém, considero uma empreitada e tanto tentar ler uma obra com tantas particularidades. 


Não que isso seja exclusivo de Faulkner, claro. A Literatura Brasileira, por si só, já tem muitos exemplos dessa escrita mais "contextualizada" ("Vidas Secas" mandou abraço), justamente pelo país ser diferente culturalmente em diversas regiões. E essa é uma característica que dá um toque diferente na obra, eu apoio, acho bonito, acho sincero, acho cheiroso, acho cremoso e tudo o mais.


Porém, Faulkner não me cativou com "Enquanto...". Não faço ideia de como sejam seus outros livros, principalmente os mais famosos. 


Se forem nos mesmos moldes "contextualizados", beleza. Mas tomara que não sejam tão confusos e que me façam realmente ter vontade de concluir a leitura.


E que não tenha um capítulo apenas com a frase: "Minha mãe é um peixe."


Aí, eu não consegui te acompanhar, William.



    






 

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